I - ESPIRITISMO - Como tudo começou
Hippolyte Léon Denizard Rivail
conhecido professor francês do século XIX deixou seu nome, sua fama, sua vida,
para dar luz a uma obra que mudaria a forma de ver e sentir a vida e a morte. O
professor saía de cena no dia dezoito de abril de mil oitocentos e cinquenta e
sete para dar lugar ao desconhecido Allan Kardec, o pseudônimo adotado por ele,
e organizar O Livro dos Espíritos.
A partir deste memorável dia o
mundo conheceria os termos “Espírita” e “Espiritismo”, cunhados por Allan
Kardec para designar a nova Doutrina dos Espíritos que tem por princípio as
relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.
O Livro dos Espíritos, de
filosofia espiritualista, contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a
imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens,
as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade,
segundo os ensinamentos dos Espíritos Superiores, através de diversos médiuns,
recebidos e ordenados por Allan Kardec.
Kardec na introdução do livro
vai traçar um panorama dessa nova Doutrina começando pelos conceitos que irá
utilizar ao longo da obra. Iniciando pela discussão sobre o significado de alma
chega à conclusão de que alma seria o ser imaterial e individual que existe em
nós e sobrevive ao corpo. É sobre a existência desse ser independente da
matéria que a Doutrina Espírita repousa.
A origem dessa nova Doutrina
foi uma série progressiva de fenômenos observados de movimento de objetos,
vulgarmente conhecidos como “mesas girantes” ou “dança das mesas”. Em
diferentes países da América à Europa repetiam-se esses fatos, embora haja
relatos de sua existência desde a Antiguidade.
O mais intrigante é que os
fenômenos não se restringiam apenas a movimentação de objetos, por isso o olhar
percuciente do professor pesquisador entrou em ação para desvendar esse
mistério das mesas girantes.
Kardec começou a estudar as
circunstâncias em que os fatos se produziam, realizou uma observação
perseverante, atenta, e por vezes, bastante prolongada.
Esse trabalho minucioso levou
à conclusão de que não se tratava apenas de um impulso mecânico dado aos
objetos, mas havia a intervenção de uma causa inteligente. Abriu-se então um
campo inteiramente novo de observações e questionamentos: O que seria essa
força inteligente por detrás das mesas girantes? Essa é a questão maior, dentre
tantas outras que iriam decorrer a partir dela.
O professor observou que as
mesas respondiam às perguntas dos presentes com batidas, convencionando-se uma
ou duas batidas quando a resposta era sim e quando era não. Também começou-se a
relacionar o número de batidas com as letras do alfabeto podendo se formar
palavras e frases.
Perguntado a essa força sobre
a sua natureza, descobriu-se que se tratava de um Espírito, dando seu nome e
informações a seu respeito. O mais peculiar é que nenhum dos presentes tinha
pensado nessa hipótese até então. O que acabou por reforçar a veracidade do
fenômeno que se revelou por si mesmo.
Mais pra frente esse sistema
de comunicação foi se adaptando colocando-se agora um lápis amarrado a uma
cestinha sobre a mesa e podendo escrever discursos inteiros e muitas páginas
com conteúdos mais complexos e de forma rápida.
Além dos instrumentos
oferecidos aos Espíritos comunicantes percebeu-se que o fato só acontecia na
presença de pessoas que possuíam uma característica especial, as quais
receberam o nome de “médiuns”, que significa intermediários entre os Espíritos
e os homens.
Com a evolução do processo, o
próprio médium começou a segurar o lápis, ao invés da cestinha, pondo-se a
escrever em nome do Espírito comunicante. Começou então o desenvolvimento da
mediunidade chamada psicografia, enquanto outras faculdades iam se revelando ao
longo do tempo.
Allan Kardec concluiu então
pela existência de seres distintos da Humanidade, explicação dada pelas
próprias inteligências que se faziam presentes às reuniões.
Há Espíritos? Esse é o objeto
de estudo da Doutrina Espírita.
REFERÊNCIA
KARDEC, A. O Livro dos
Espíritos trad. J. Herculano Pires 82. ed. São Paulo; LAKE, 2017.
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