A CAMINHO DE EMAÚS (Lc, 24:13 a 35)

 Conta-se que após a crucificação de Cristo, dois apóstolos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús e que, enquanto caminhavam, comentavam os últimos acontecimentos, provavelmente lamentando o ocorrido e assustados com tudo. De repente perceberam que alguém caminhava com eles na estrada, não reconhecendo com seus olhos que era o próprio Jesus.

Comparando essa passagem com a nossa caminhada nas estradas da vida, quantas vezes Jesus caminha conosco no dia a dia, sem nos darmos conta por não termos olhos de ver?

E aquilo que conversamos entre nós na caminhada, com certeza Jesus, no invisível, está ouvindo.

Continuando a narrativa o evangelista Lucas enfatiza que os olhos dos dois apóstolos estavam impedidos de reconhecê-lo.

Quando baixamos o olhar somente para o que é material e o que fere os 5 sentidos, nossos olhos também estão impedidos de reconhecer os valores espirituais anunciados pelo Mestre.

Os dois explicaram ao caminheiro o que havia ocorrido com o Mestre de Nazaré que dissera nada saber, e diziam estar desapontados porque esperavam que Ele redimisse Israel e não que fosse morto há três dias. Narraram também sobre as mulheres que foram ao sepulcro e não encontraram seu corpo.

E quanto a nós, temos procurado encontrá-Lo? Onde o estamos procurando, em sepulcros, como um morto? Já estamos aptos a seguir esse Jesus vivo, conforme Paulo o fez? Jesus exemplo de ação, de homem, de perfeição, Mestre e Modelo a ser seguido em vida.

E Jesus respondeu ao dois caminhantes na estrada: ò tolos e lentos de coração, tudo isso aconteceu para creres em todas as coisas que falaram os profetas!

Podemos entender ‘lentos de coração’ como um coração fechado ao espiritual, ao transcendente. Com os olhos, rosto e coração fechados não se entende as escrituras, não se acredita nos profetas. O Evangelho, mais do que lido, precisa ser sentido, meditado, para praticar suas lições como um roteiro de vida.

Ao se aproximarem da aldeia o peregrino ameaçou ir para mais longe. Eles o pressionaram, dizendo: permanece conosco, porque está para anoitecer. Ele entrou para permanecer com eles.

Quando em nossa caminhada se faz noite temos receio de que Jesus se afaste e, em prece, pedimos para que fique conosco.

Ele ficou e no momento de se alimentarem, ele tomou o pão, abencoou-o e, depois de parti-lo dava a eles. Nesse momento, seus olhos se abriram e o reconheceram; mas ele se tornou invisível a eles.

Jesus está sempre abençoando nosso pão de cada dia e nos ensinando a partilhá-lo com o próximo, sua última recomendação aos apóstolos antes de ser levado pelos soldados. Jesus está sempre presente com aquele que aprendeu a repartir o pão. Nossos olhos se abrem para a espiritualidade e o vemos em todo o seu esplendor, assim como Saulo ao receber a visita de Ananias, deixou cair as escamas do materialismo e entendeu qual deveria ser o seu caminho a partir dali.

Jesus se tornou invisível porque é o seu Espírito que nos acompanha em silêncio e sempre presente, mesmo que não o vejamos. Não precisamos de sua presença física e sim da fé que nos fortalece.

E disseram um ao outro: porventura não estava nosso coração queimando em nós, quando nos falava pelo caminho, quando nos abria as Escrituras? E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém.

Queimamos de vontade de encontar esse Jesus, com seu verbo divino a nos curar as feridas. É hora de nos deixarmos queimar de alegria ao abrir as Escrituras para a nossa conversão.

Jerusalém como cidade santa é o caminho para a nossa espiritualização, através do roteiro da boa-nova. Devemos sempre voltar a ela e não mais nos afastarmos procurando outras paragens, outro Caminho, outra Verdade ou outra Vida.

Mesmo nos afastando de Jerusalém, Jesus caminhará conosco, mesmo que não o identifiquemos. Ele nos ampara e auxilia a voltarmos à cidade santa e aprendermos a seguir seus passos.

Se preciso for, começar sempre do zero, do ponto de partida e... caminhar, pela nossa estrada de Emaús.

Carlos Gomes

 

 

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